Engenho da Notícia

Empresa de assessoria de imprensa, mídias digitais e relações públicas

Notícias

Tributo à atriz de teatro de revista em Piracicaba

(03-03-2020) Peça retrata a história
da atriz Lyson Gaster, nome artístico de Agostinha Belber Pastor, espanhola
criada em Piracicaba, que com sua companhia de teatro de revista viajou o
Brasil nos anos 20, 30 e 40. Com patrocínio do Magazine Luiza e apoio do
projeto Eu faço cultura o espetáculo será apresentado no Teatro Erotides de
Campos dia 07/03, às 20 h. 

 

É bem provável que o
pessoal do teatro musical de hoje nunca tenha ouvido falar em seu nome. Para
nossa sorte, dedicados pesquisadores do gênero conseguiram recuperar parte da
memória cultural brasileira e colocaram foco em Lyson Gaster.

 

Para homenagear a atriz
e cantora nascida na Espanha e criada em Piracicaba, no Interior de São Paulo,
depois naturalizada brasileira e que se consagrou nas décadas de 1920 a 1948, a peça Lyson
Gaster no Borogodó o espetáculo será apresentado no Teatro Erotides de
Campos dia 07/03, às 20 h. 

 

Com pesquisa de Maria
Eugenia de Domenico, dramaturgia de Fábio Brandi Torres, direção e
figurinos de Carlos ABC, produção e cenários de Marcos Thadeus e
direção musical de Tato Fischer, o espetáculo tem a proposta de retratar
aspectos da vida da atriz Lyson Gaster, revigorando fatos importantes dos
palcos brasileiros e resgatando parte da história cultural do País. Por seu talento e coragem, ela foi
elogiada por artistas e críticos como Procópio Ferreira, Henriette Morineu,
Pedro Bloch, Rachel de Queiroz, Paschoal Carlos Magno, Eva Todor, Mario Lago e
Nelson Rodrigues, entre outros.

 

No
palco estão oito atores – Bruno Parisoto, Felipe Calixto, Alexia Twister,
Tiago Mateus, André Kirmayr, Marcos Thadeus, Giovani Tozi e Patrick
Carvalho. A música ao vivo fica por conta dos músicos Tato Fischer
ao piano e Henrique Vasques no acordeom e cajón.

 

Piracicabano,
o produtor e mestre em teatro Marcos Thadeus alimentava o desejo de
montar um espetáculo sobre Lyson Gaster há mais de 20 anos, quando foi
apresentado à história da artista pelo diretor Carlos ABC, também piracicabano.
Assim, tratou de encomendar a pesquisa para montar “um genuíno musical
brasileiro.”

 

Maria
Eugenia de Domenico
nunca tinha ouvido falar em Lyson Gaster e, pesquisando, ficou impressionada
com a importância que a artista teve. Eugenia ressalta a dificuldade de
conseguir documentos ao vasculhar um passado completamente esquecido.

 

“Quando se consegue os
textos, eles encontram-se em estado precário, ilegíveis pois não foram
digitalizados, sendo comidos por traças. Alguns, datilografados, não consegui
ler.” Eugenia descobriu
uma Lyson dramaturga também, que assinou  textos sozinha e com o segundo
marido, Alfredo Viviani. “Tivemos sorte e
conseguimos um dos últimos textos escritos por ela, A Mimosa Roceira,
que tem trecho incluído na peça.”

 

Nesta
tarefa árdua, foi fonte de informação importante o livro
De
pernas para o ar: O teatro de revista em São Paulo, c
oleção Aplauso, da diretora e doutora em teatro
Neyde Veneziano. Estudiosa do teatro musical, Veneziano já havia resgatado parte da trajetória da
artista e de outros pioneiros hoje esquecidos, mas que prepararam o palco e a
plateia paulista para as produções musicais de hoje. “É um livro maravilhoso”,
afirma.

 

“Ela era a estrela da companhia que tinha o seu nome, às vezes
só Companhia Lyson Gaster, às vezes Companhia de Comédia Lyson Gaster”,
empolga-se Eugenia ao contar a história. “Ela exercia uma liderança
absurda, era uma companhia grande, eles viajavam o Brasil todo, não só o
interior de São Paulo”, continua. 

 

“Imagine, naquela época não havia teatro nas cidades, a
companhia montava os espetáculos em cinemas, que geralmente possuíam palcos. Ao
lado do segundo marido, ela foi desbravadora, corajosa e conseguiu ganhar
dinheiro, formou os dois filhos (um em Engenharia, outro em Medicina), que
moravam em São Paulo com os avós. Foi absolutamente bem-sucedida, empregava as
duas irmãs com os maridos e o irmão na companhia, numa composição familiar.
Trabalhou por 30 anos, faleceu aos 74 e quando parou de trabalhar, tinha duas
casas – uma no Rio de Janeiro, outra em Teresópolis.”

 

Sobre
a direção

 

A
encenação de Carlos ABC tem cenas de humor, músicas, figurinos e cenários
tipícos. Personagens revisteiros permeiam a narrativa, como caipiras,
portugueses, coristas e vedetes. “Tudo o que representa o Teatro de Revista e
suas convenções estão preservadas na montagem”, informa Carlos.

 

As
músicas, clássicos populares da época, ilustram a temática e ajudam a tornar
leve o desenrolar dramático. A cenografia conta com telões de grandes dimensões
– 8m por 4,5 de altura – e a indispensável escadaria, peça característica do
teatro de revista, entre outros elementos cênicos que entram e saem, de acordo
com as cenas. Carlos ABC, que também assina o figurino, conta que as peças
“seguem os modelos da época e convidam o público a um mergulho no passado, já
que o espetáculo expõe passagens da vida da atriz e do aspecto alegórico do
teatro dentro do teatro de revista, da magia dos musicais”.

 

 

Sobre a dramaturgia

 

O
dramaturgo, diretor e tradutor Fábio Brandi Torres também confessa que
antes de começar a escrever o texto da peça não conhecia nada sobre Lyson
Gaster, ainda que tenha estudado a fundo o Teatro de Revista. “O mergulho
no universo desconhecido de Lyson, de sua carreira e de sua companhia, teve a
vantagem de ter a pesquisa de Maria Eugenia de Domenico como guia, com uma
estrutura muito bem concebida, incluindo indicações de músicas (Chiquinha
Gonzaga, por exemplo) e textos (Artur Azevedo, Max Nunes etc).”

 

A
partir do trabalho de Maria Eugenia, Fábio começou sua pesquisa ouvindo
programas de rádio da época, músicas, lendo textos de peças e de estudos. “Com
este material em mãos, foi um prazer desenvolver esta peça, tendo a liberdade
de contar a história de uma mulher profundamente apaixonada por sua arte, que
se dedicou a levar a companhia que criou para todos os cantos do país.” 

 

“Acho
que esse é um ponto importante para destacar, porque é um fato revelador desse
amor pelo teatro e que precisa ser destacado, já que vivemos uma época em que
ele já não faz mais parte da vida das pessoas e já não existem companhias que
se dedicam a viajar pelo país. Existem algumas produções que conseguem rodar
algumas capitais, mas até isso já é cada vez mais raro. Outra grande questão
que o espetáculo traz é o quanto é efêmera essa arte. Lyson marcou sua época,
foi um nome aclamado por onde passava e hoje, poucos se lembram de seu nome ou
mesmo o conhecem. Por sorte, Marcos e Maria Eugenia se lembraram.”

 

Sobre
a direção musical de Tato Fischer

Para o roteiro musical, Tato Fischer garimpou preciosidades como Rua
do Ouvidor, usada na trilha da peça A Capital Federal (1926), de
Arthur Azevedo, e reutilizada por Flávio Rangel na montagem der 1972, que o
próprio Tato já incluíra em 1985 em A Fantasia, também de Arthur
Azevedo. Do cancioneiro brasileiro, No Rancho Fundo e Luar do Sertão
também estão na trilha.

 

“Tenho
um largo interesse no Teatro de Revista, paixão desde sempre no meu trabalho
como ator e diretor teatral.” Depois fui me aprofundando na área e cheguei a
fazer, como ouvinte, um curso na USP, com Neide Veneziano, doutora na área, com
quem montei, em 1993, a revista musical Os Sonhos Mais Lindos, de Perito
Monteiro.”

 

Sobre
Lyson Gaster

 

Filha
de imigrantes espanhóis que chegaram em Piracicaba no final do século 19,
casou-se ao 17 anos e  logo teve filhos. Separada, mudou-se para São Paulo
com os pais e trabalhou como modista num ateliê da rua Conselheiro Crispiniano,
onde conheceu artistas de teatro que a levaram para o palco.

 

Pisou
no tablado pela primeira vez em 1919, na época dos discos de 78 rotações,
adotando o nome artístico que tomou emprestado de uma personagem de um romance
francês.

 

Ligou-se a várias companhias de
teatro, com as quais viajou pelo Interior de São Paulo, entre elas a Companhia
Cassino Antarctica e a trupe Teatro Novo. Integrou o elenco da Cia Zaparolli,
ao lado de Manuel Pera, pai da atriz Marília Pera. No Rio, juntou-se a Cia
Juvenal Fontes até se casar, em 1922, com Alfredo Viviani. Com o marido,
participou da Cia Nair Alves e Sebastião Arruda, até o casal montar a própria
companhia, a Companhia Lyson Gaster, onde o teatro de revista era o ponto
forte. Os dois excursionaram pelo Brasil todo. Era a época de Dercy Gonçalves,
Oscarito, Henriquieta Brieba, Zilka Salaberry e Mara Rúbia, entre outros.

 

Lyson naturalizou-se brasileira nos
anos 40 e deixou o teatro em 1950. Viviani foi contratado pela Rádio Nacional,
onde permaneceu em atuação até 1963.

 

De Rachel de Queiroz, Procópio
Ferreira a Mário Lago

 

Em depoimentos recolhidos pelo
piracicabano Waldemar Iglesias Fernandes, reunidos no livro Lyson Gaster – A
Piracicabana que o Brasil Aplaudiu e Nunca Esqueceu, estão vários elogios à
atriz. Da escritora Rachel de Queiroz: “pode-se considerar Lyson Gaster
como uma das pioneiras do teatro ambulante ou mambembe”. Da atriz Henriette
Morineu: “Não somente na sua terra natal, como também no Brasil inteiro, o
nome da grande Lyson Gaster não pode ser esquecido.”

 

Já a atriz Eva Todor disse
sobre Lyson: “Ela fazia naquele tempo aquilo que hoje o Ministro da Educação
está querendo que os artistas façam: descentralizar o teatro”. Um dos
grandes nomes do teatro brasileiro, Procópio Ferreira se referiu a ela
como “uma pioneira…levou o teatro aos mais longínquos e inacessíveis
rincões do solo brasileiros, o nosso Anchieta de saias. Artista eclética,
empolgando plateias, principalmente no Interior, onde deixou luminoso rastro de
sua passagem”. O poeta, compositor e ator Mário Lago também elogiou:
“Lyson Gaster e Viviani pertenceram a essa turma heroica que foi levando
o teatro brasileiro pelo interior do país, permitindo que populações de cidades
pequenas conhecessem o que se vinha fazendo nos grandes centros”.

 

SERVIÇO:

 

Teatro
Erotides de Campos

Parque
do Engenho Central.

Dia 7 de março às 20 h – Sábado.

Patrocínio
do Magazine Luiza e Apoio: Eu faço Cultura.

Duração:
70 min. Classificação: Livre. Gênero: Revista Musical.

Preços:
R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)

Bilheteria
do teatro Erotides de Campos: terça á sexta das 15h às 18h

Informações:
3413 -8526  e 3413-5212

Vendas on line: www.megabilheteria.com.br

 

 

Engenho da Notícia

Assessoria de Imprensa

divulgacao@engenhodanoticia.com.br

(19) 3302-0100

Piracicaba/SP


Compartilhe:
WhatsApp Atendimento via WhatsApp