Entra ano, sai ano, e o nosso rio Piracicaba continua sofrendo não só com as intempéries climáticas, com suas mais constantes secas em tempos de estiagem ou seus transbordamentos, quando chove demais. E igualmente a cidade de Piracicaba não tem se calado para ver o seu maior patrimônio histórico e cultural ser agredido.
Como foi neste novo início de ano. Desde sábado, as redes sociais já vinham denunciando que as águas do nosso rio estavam “esverdeadas” e também com cheio diferente, para pior. Vi uma primeira denúncia partir do ex-vereador Sérgio Setten. As coisas se acalmaram e no sábado, com amigos, estive visitando a Avenida cruzeiro do Sul e pude constatar “in loco”, à beira do rio, como estavam diferentes, num tom verde escuro, as águas do nosso velho rio. Mas não havia cheiro forte.
Nesta madrugada, por volta das 4 horas, começaram a circular os primeiros vídeos do Fernando Magossi, o Gordo do Barco. E lá vieram com as imagens, a agonia dos peixes, tentando escapar do velho abrigo. Alguns até tentando subir pelos barrancos do rio para escaparem ainda não se sabe do que. Provavelmente das algas que com o calor, transformam-se em nitrogênio e fósforo, viram adubo e roubam oxigênio das nossas águas à montante – onde nasce o rio, na junção do Jaguari e Atibaia, nas proximidades da cidade de Americana, onde também existe uma grande represa.
Quando as águas turvaram, a reação imediata dos especialistas com os quais conversei, sugeriam que as comportas de Americana tinham sido abertas e com elas, vieram algas que tradicionalmente se acumulam por lá, tornando as águas do marrom escuro para o verde. Mas, certamente, não seriam só elas as causadoras das mortes de milhares de peixe na madrugada desta terça feira.
Em outro momento, quando de ocorrência similar anos atrás, oficiei imediatamente a Cetesb, através de sua agência ambiental localizada na rua do Rosário aqui em Piracicaba, pedindo as providências para o ocorrido. O que estou fazendo novamente hoje, por dever de ofício e por me juntar aos moradores indignados de nossa cidade contra mais este crime ambiental.
Infelizmente o nosso “Ano Novo”, tão aguardado, começa de forma inadequada, causando impacto negativo na cidade pelas cenas que vimos nos vídeos. A história, infelizmente, se repete, por conta do descaso de alguns, que trazem tristeza e indignação a nossa gente. Ver o nosso rio querido, cantado e abençoado, ser tristemente atacado pela incúria de alguns. Que devem ser identificados e punidos nas formas da lei.
Já sofremos muito no passado com estes tipos de decisões, avançamos muito nas nossas leis de proteção ao patrimônio ambiental da cidade, do Estado e do nosso país. Mas há ainda os que insistem em afrontar a lei. Em nos afrontar. E por isso, devem ser cobrados por ações mal planejadas, como esta cometida justamente na virada do ano, quando almejávamos amanhecer num tempo diferente. Mas, infelizmente, a realidade se impõe de forma diferenciada, para muito pior.
Que nossas autoridades, nos âmbitos municipal e estadual (meu caso) se levantem e cobrem dos responsáveis por mais este gesto insano, por seus deveres cívicos e compromissos com a maioria do nosso povo, que depende do nosso rio para continuar contando sua história. Que as algas de Americana sejam destruídas por lá mesmo, sem que sejam despejadas como lixo orgânico no nosso Rio. E que consigamos, juntos, dizer um “Não !!!” em alto e bom som, para que isso não se repita.
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