Percorrendo as redes sociais, as citações atribuídas a Cora Coralina (1889-1985) são frequentes para inspirar e possibilitar uma reflexão de vida. São aspas compartilhadas para muitos momentos
instagramáveis e horários específicos – como para o tradicional “bom dia” e para o “sextou”.
Para o internauta compartilhador de mensagens reflexivas, assim como para o leitor dos artigos
deste articulista, toma-se o conhecimento sobre a vida e obras delas perpetuadas.
Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas foi o nome de batismo da grande poetisa goiana. A pele rugosa e cabelos brancos são características marcantes dessa senhora que viveu por 95 anos. Mas essa imagem passa em segundo plano diante das palavras intensas, ao mesmo tempo simples, de
textos que encantaram os amantes da poesia brasileira.
Apesar de escrever desde a adolescência, ela lançou o seu primeiro livro, “Poemas dos Becos de
Goiás e Estórias Mais”, aos 76 anos de idade. O reconhecimento e a admiração popular em todo
país vieram 14 anos depois, após um artigo de Carlos Drummond de Andrade, no Jornal do Brasil,
enaltecendo o trabalho da poetisa.
“Mulher extraordinária, diamante goiano cintilando na solidão e que pode ser contemplado em
sua pureza no livro ‘Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais’. Não estou fazendo comercial de
editora em época de festas, a obra foi publicada pela Universidade Federal de Goiás. Se há livros
comovedores, este é um deles”, escreveu o poeta de Itabira.
Doceira de profissão, as obras de Cora eram escritas no intervalo das produções de docinhos e destacavam a vida no interior de Goiás e do jeito de andar e caminhar.
Um autorretrato literário pode ser encontrado no poema “Ofertas de Aninha”, em que ela se apresenta como “aquela mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida, não desistir da
luta, recomeçar na derrota. Renunciar as palavras e pensamentos negativos. Acreditar nos valores
humanos. Ser otimista”.
Percebe-se que o curto trecho apresentado percorre pela longa trajetória da autora: uma mulher
simples, mas de alma rica, que não se importava se seria julgada em não seguir padrões e conceitos sociais estabelecidos.
Diante aos altos e baixos ao longo da vida, é necessário salientar que Cora Coralina foi a mulher
que amou a vida e não desistiu da luta, deixando um grande legado na literatura brasileira.