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Museus: memória, cultura e conhecimento

Um museu é muito mais que um espaço para a guarda de objetos antigos. Trata-se de local de exploração, memória, cultura e conhecimento. Em 18 de maio será comemorado o Dia Internacional
dos Museus, data definida pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM). Aqui no país, o Instituto
Brasileiro de Museus, órgão ligado ao Ministério da Cultura, mobiliza até a data instituições de memórias brasileiros para criarem uma extensa programação para a denominada “Semana Nacional
de Museus”.

Explorar estes espaços em meu trabalho como jornalista é recorrente e possibilita um regresso para dez anos atrás. Foi no Centro Cultural Martha Watts (CCMW), icônico prédio na região central de
Piracicaba, que tive a minha primeira experiência profissional. Neste artigo e com data específica
de celebração, levando em consideração o que abordei no parágrafo anterior, que falamos sobre
ele.

Ao longo de duas décadas, o Centro Cultural Martha Watts respira história, por meio de seus visitantes, dos objetos artísticos, acervos históricos, de suas paredes que se tornaram uma galeria de
arte e do seu museu que conta a história da educação metodista e de Piracicaba. Para perpetuar
essa trajetória, eu, a gestora cultural e diretora do espaço, Joceli Cerqueira Lazier, e a historiadora
Ana Paula Paschoaldelli Castilho, lançamos dezembro passado, em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba, o livro “Colecionando Memórias: 20 anos do Centro Cultural Martha
Watts” (Ed. Metodista). A obra apresenta depoimentos, testemunhos e histórias daqueles que passaram pelo CCMW durante todo este tempo, sejam visitantes, pesquisadores, jornalistas, funcionários, estagiários, entre outros.

A seguir, o leitor me permite reproduzir um capítulo da obra, em páginas que enaltecem a importância da preservação dos acervos para relembrar a história e, consequentemente, construir o futuro.

“A preservação de uma história é importante para organizar o passado e liberar as potencialidades
do presente. Esse cuidado em manter viva a história está ligada à construção de uma memória coletiva, que possibilita um maior entendimento do contexto atual. A história compõe a identidade
cultural de um povo, representa a riqueza cultural e ajuda a ter uma melhor percepção sobre outras culturas.
O Centro Cultural Martha Watts não completa duas décadas por acaso. Para que o espaço se concretizasse e permanecesse guardião de parte da história de Piracicaba e do metodismo no Brasil,
além de exercer a sua função social, foram anos de pesquisas e desenvolvimentos para que a história começasse muito antes de sua inauguração em junho de 2003.

Tudo teve início com dona Jaïr de Araújo Lopes, irmã do ex-diretor do Colégio Piracicabano, Prof.º
Josaphat de Araújo Lopes, e que assumiu a partir da década de 50 diversas funções na instituição,
entre 23 as quais a de secretária, de diretora do internato feminino e de professora substituta e de
Educação Religiosa. Percebendo a importância e a referência do colégio para a educação brasileira
desde sua fundação, em 1881, ela sentiu a necessidade de criar um acervo com fotos, documentos
e peças de valor histórico. Após um século da fundação do colégio e um rico material guardado,
permitiu que ela levasse a público e criasse em 1981 o museu sobre a história do Colégio Piracicabano. Porém, este espaço foi criado em uma sala anexa da instituição e que esta poderia ser, talvez,
momentânea.

Mas outro nome, que teria grande referência e importância no segmento educacional piracicabano, coincidentemente durante o trabalho de preservação de dona Jaïr chegou à cidade: Almir de
Sousa Maia, que assumiu a diretoria do Centro de Ciências Biológicas e Profissões da Saúde, da Unimep, sendo que anos depois assumiria o cargo máximo do Instituto Educacional Piracicabano. Em
1978, ele passou frente ao centenário prédio da rua Boa Morte e se encantou pela beleza arquitetônica do espaço que pertencia ao próprio IEP.

Os anos se passaram e as conversas para a criação e revitalização do espaço foram se tornando realidade. Em 2000, ele nomeou Grupo de Trabalho (GT), formado por 10 especialistas, para preparar
o esboço do Centro de Memória Institucional a ser concluído em quatro meses, que depois passou a
ser chamado de Centro Cultural Martha Watts. Participaram Zuleica de Castro Coimbra Mesquita,
Luis Artur Rosatti, Maria de Lourdes Ramelli Barbosa, Marcos Ribeiro Campos, Miriam Aparecida
Santos, Moisés Lemes da Silveira, Paulo Ayres Mattos, Roberto Pontes da Fonseca, Sergio Marcus
Nogueira Tavares e Sumie Yokota. Entre tantas atribuições, o GT realizou o planejamento da reforma do prédio.

Projeto entregue e aprovado, em 2001 teve início a tão esperada reforma, em um processo que se
realizou em várias etapas. A primeira se deu a partir de uma linotipo recortada de um jornal, enviado por uma moradora de Juiz de Fora para Maia. Foi a partir dessa imagem, que os dois arquitetos
e urbanistas, Marcelo Cachioni e Hélio Dias, perceberam que o prédio já tinha passado por uma
série de modificações. Os trabalhos eram árduos, permaneceram por longos dois anos, para que
pudessem preservar ao máximo as características do imóvel. Em 27 de dezembro de 2022, o então
prefeito municipal José Machado assinou o decreto n.º 10.159 que estabelecia o Edifício Principal e
Anexo Martha Watts como Patrimônio Histórico-Cultural de Piracicaba. Foi um importante ato político e social de caráter oficial para preservação de um bem material de modo que não sofreria
mutilações, demolições ou reformas que alterassem suas características originais. Conforme prescreve o Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba, um bem tombado adquire uma importância social e cultural, pois sua existência e sua conservação passam a ser de interesse público.

Feito isso, em 2003, com as devidas reformas e preservações, e homenageando com a nomenclatura a missionária norte-americana, estava pronto o Centro Cultural Martha Watts e com portas
abertas em junho do mesmo ano”.

(Trecho retirado do livro “Colecionando Memórias: 20 anos do Centro Cultural Martha Watts” (Ed.
Metodista). Org. Reinaldo Diniz, Joceli Lazier e Ana Paula Paschoaldelli).


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