Com quase 75 anos de carreira, Dona Thereza Alves construiu um legado imortal, tornando-se um ícone do empoderamento e do pertencimento feminino na música brasileira. Sua trajetória foi marcada por sua presença firme em um cenário musical onde predominavam os homens, em um contexto de leis e hábitos que raramente favoreciam as mulheres. Ela descansou na noite deste domingo (2).
Em uma entrevista concedida anos atrás a este articulista, ela relembrou os desafios enfrentados no início de sua carreira. “O começo foi difícil, marcado por críticas, principalmente de vizinhos e amigos. Eles achavam que a gente saía para fazer besteira, não para cantar”, disse. E, apesar das dificuldades, Dona Thereza não desistiu de seu sonho: “Quando você quer algo, você passa por cima, pelo lado, por baixo, por onde for, para chegar no seu objetivo. Eu tive até problemas com meu pai, que se preocupava com a minha imagem”, contou, revelando a força de sua determinação.
Dona Thereza se destacou como uma das maiores referências da seresta e do samba em Piracicaba. Sua carreira musical começou na década de 1950, quando participou de um programa de canto de calouros na rádio local. Ao longo de sua trajetória, ela se dedicou ao estudo de outros idiomas, aprimorando seu domínio vocal e explorando diferentes gêneros e estilos musicais. Sua presença foi marcante também em importantes veículos de comunicação, como a rádio Bandeirantes e a TV Globo. Além disso, teve o privilégio de dividir o palco com grandes nomes da música brasileira, como Baden Powell, Jair Rodrigues, Leny Andrade e Ângela Maria, entre outros.
Com o passar do tempo, Dona Thereza se transformou em uma verdadeira rainha da música brasileira. Porém, mais do que sua imensa popularidade, foi sua cordialidade e humildade diante do público que a tornaram inesquecível. “Sou só uma senhora que tem muita alegria de viver e faz da música a motivação para isso”, declarou com sua característica marcante.
Dona Thereza eterniza seu nome na memória musical não apenas por sua voz inconfundível, mas pela genuína dedicação e amor à arte, que a tornaram uma verdadeira lenda da música brasileira. Ela nos deixou durante o Carnaval, uma celebração cultural que é sinônimo de alegria e resistência. Assim, como ela sempre foi.