No cenário religioso do século XXI, nenhum nome se destacou tanto pela ousadia em romper paradigmas como o de Papa Francisco. Desde que assumiu o trono de Pedro, em 2013, o primeiro papa vindo da América Latina demonstrou que não seria apenas mais um líder espiritual, mas um agente de transformação — dentro e fora dos muros do Vaticano.
Com um olhar atento às dores do mundo, Francisco foi uma das poucas vozes de autoridade moral a se levantar com firmeza em defesa daqueles que quase nunca têm voz: os pobres, os imigrantes, os excluídos e a população LGBTQIA+. Ao invés de reforçar dogmas rígidos, optou pelo caminho da escuta, da misericórdia e da inclusão.
Suas falas emblemáticas, como quando disse “Quem sou eu para julgar?”, ao se referir a pessoas homossexuais, deram o tom de um pontificado voltado à acolhida. Embora conservador em algumas posições, seu gesto simbólico de aproximação com minorias já era, por si só, um marco histórico — sobretudo numa instituição tantas vezes associada à exclusão.
Francisco também fez duras críticas a sistemas econômicos que geram desigualdade e alimentam a indiferença. Em um mundo consumido pela pressa e pelo lucro, ele clamou por empatia, compaixão e responsabilidade social. Trouxe consigo uma teologia do encontro: entre povos, culturas, credos e realidades.
Sua atuação foi além das palavras. A imagem de um papa que recusa luxos, que carregava sua própria mala, que optou por morar na Casa Santa Marta em vez dos aposentos papais tradicionais, revelou um compromisso concreto com a simplicidade e com o exemplo.
O impacto de Francisco esteve justamente em sua disposição de questionar estruturas, desafiar tradições engessadas e apontar para uma Igreja mais aberta, humana e presente no cotidiano das pessoas. Por isso, é justo afirmar que ele foi, até seu descanso eterno, a figura religiosa mais transformadora do século XXI.