O setor cervejeiro artesanal de Piracicaba foi mapeado pela CPLCERVA (Cadeia Produtiva Local da Indústria de Máquinas, Equipamentos e Serviços para Cervejarias), por meio de uma iniciativa inédita de diagnóstico chamada MAPACERVA. A ação levantou informações sobre modelos de negócio, produção, emprego, desafios e potencial de crescimento das cervejarias do município.
Realizado entre abril e maio de 2025, o levantamento envolveu 15 cervejarias locais e revelou um setor com forte identidade, capacidade de inovação e predominância de microempresas e empresas de pequeno porte (segundo faturamento), apontando para um cenário de grande potencial de desenvolvimento. O estudo também identificou desafios estruturais e oportunidades de fortalecimento da cadeia produtiva por meio de apoio institucional, acesso a crédito e programas de qualificação.
“A cadeia cervejeira em Piracicaba está em amadurecimento e possui características muito particulares, como o foco artesanal, a gestão feita pelos próprios proprietários e o vínculo com a comunidade local. Nosso papel com a CPLCERVA é justamente criar pontes entre a indústria e as cervejarias, promovendo soluções em máquinas, equipamentos e serviços alinhadas à realidade do setor”, destaca o professor Carlos Alberto Zem, consultor de projetos especiais do SIMESPI (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras), que é a entidade idealizadora, proponente e gestora da CPLCERVA.
Entre os dados de destaque, chama atenção o impacto em geração de empregos: 23% das cervejarias (3 empresas) são responsáveis pela geração de mais de 30 empregos indiretos, enquanto 80% (12 empresas) contam com até dez funcionários diretos. O levantamento apontou equilíbrio entre os modelos de produção própria em suas fábricas e “cigana” (produção sem fábrica própria, feita em outra cervejaria), além de uma predominância de canais de venda
voltados a eventos, bares e lojas, com atuação sobretudo local e regional.
Os principais motivos citados para a abertura das cervejarias em Piracicaba foram o desejo de empreender, transformar um hobby em profissão e aproveitar as oportunidades do mercado cervejeiro.
Apesar das dificuldades financeiras enfrentadas em 2024, a maioria das cervejarias projeta lucro para 2025, com estratégias voltadas ao lançamento de novos produtos, ampliação das vendas e fortalecimento da marca. Os principais desafios apontados para o ano são a gestão do fluxo de caixa, o aumento dos custos e o acesso ao mercado consumidor. A sustentabilidade ainda é incipiente, mas tende a ganhar espaço. A inovação, por sua vez, é um traço marcante do setor, com ampla adesão a lançamentos sazonais e novos estilos. A valorização da experiência do consumidor também se destaca, com iniciativas como degustações e tours pelas fábricas.
Para Erick Gomes, presidente do SIMESPI, a iniciativa reforça o compromisso da instituição com o desenvolvimento industrial do município: “Criamos a CPLCERVA para conectar a força da nossa indústria à realidade do setor cervejeiro. Com o MAPACERVA, damos um passo concreto para entender melhor esse ecossistema e apoiar seu crescimento sustentável, gerando emprego, inovação e identidade para a região”.
Além de mapear o setor cervejeiro, o estudo também aponta caminhos para que empresas fornecedoras de máquinas, equipamentos e serviços industriais (muitas delas associadas ao SIMESPI) possam adaptar suas soluções às demandas específicas do segmento cervejeiro artesanal.
“É uma via de mão dupla: entender as cervejarias e reposicionar a indústria para apoiá-las de forma eficaz. O SIMESPI, ao incubar a CPLCERVA e fomentar iniciativas como o MAPACERVA, o ENCOCERVA (Encontro da Cadeia Produtiva da Indústria Cervejeira) e o CONGRECERVA (Congresso da Indústria Cervejeira), que compõem outras iniciativas, reforça seu papel estratégico como agente transformador do cenário local e promove uma articulação contínua entre todos os elos da cadeia produtiva da indústria cervejeira para que nossos
empresários possam crescer e inovar”, afirma Valéria Rueda Elias Spers, gerente executiva do SIMESPI.
Os resultados do MAPACERVA servirão como base para o desenvolvimento de novas estratégias e projetos da CPLCERVA, visando o contínuo aprimoramento e a competitividade da indústria cervejeira de Piracicaba e região. O trabalho será realizado em articulação com o setor público, instituições de ensino, empresas fornecedoras de soluções ao mercado cervejeiro, Associação das Cervejarias da Região de Piracicaba (Piracerva) e todos os empreendedores envolvidos no movimento da cultura cervejeira local.
