Houve um tempo, nem tão distante assim, em que viajar não era apenas sobre chegar a um novo destino, mas também sobre compartilhar a experiência de estar lá. Um simples cartão ilustrado com um ponto turístico dizia muito mais do que mostrava. Era o cartão-postal, pequeno no tamanho, mas imenso no significado. Ele carregava memórias, afetos e intenções.
Enviado a um amigo ou familiar, trazia palavras curtas, porém carregadas de emoção. Relembrava encontros, reforçava laços, despertava saudades. Em poucas linhas, era possível reviver momentos ou insinuar que novos reencontros viriam. A viagem virava gesto e o afeto virava papel.
Esse costume, tão simples quanto simbólico, parece ter se perdido com o tempo. Recentemente, ao procurar cartões-postais nas tradicionais bancas de jornais, onde antes eram presença garantida, a realidade surpreendeu. As prateleiras, agora ocupadas por outros produtos, mal exibiam até mesmo as revistas de celebridades. Quando questionado sobre a ausência dos postais, o comerciante foi direto: “Vai ser difícil encontrar. Hoje, com as redes sociais…”.
E é verdade. As plataformas digitais tomaram o lugar do papel. Com um clique, a viagem e a paisagem são enviadas instantaneamente, acompanhadas de filtros, hashtags e emojis. O visor substituiu o papel. A mensagem virou postagem. A emoção se resumiu a curtidas e comentários. Se, por um lado, a tecnologia trouxe agilidade, por outro, apagou parte da tradição. E a pergunta permanece: onde estão os cartões-postais?