Conhecido por sua excelência na aplicação da radioatividade para os mais diversos fins e no desenvolvendo de pesquisas ambientais, o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), órgão da Universidade de São Paulo (USP), vem desenvolvendo ao longo dos últimos 45 anos estudos de relevante importância para as ciências agrárias.
Em constante aperfeiçoamento, suas atribuições em relação ao melhoramento de plantas se estenderam para outras áreas, como os métodos transgênicos. Atualmente, diversas pesquisas estão em andamento. O laboratório de Biotecnologia Vegetal da instituição trabalha, há 10 anos, no desenvolvimento de um maracujá transgênico resistente à doença do endurecimento dos frutos. Com relação a cultura de cana-de-açúcar, o Cena participa de uma comitiva de 21 pesquisadores brasileiros interessados em regulamentar o cultivo de espécies geneticamente modificadas dessa planta para a liberação comercial de cultivares transgênicos.
Já no laboratório de Melhoramento de Plantas, onde atua o atual diretor do Cena/USP, professor Antonio Figueira, existe um estudo voltado à introdução de compostos antioxidantes em laranja, com a intenção de obter frutas com qualidades nutricionais diferenciadas. “A manipulação genética, com introdução de novos elementos funcionais nas frutas, é uma forma de afetar diretamente os hábitos de consumo da população. Além de melhorarmos o produto, visamos obter frutas de cores diferenciadas, ou seja, com novo aspecto”, afirma o professor.
Inicialmente havia a ideia de que plantas transgênicas não traziam grandes benefícios ao consumidor e nem ao produtor, sendo apenas associadas à resistência a herbicidas. Na opinião do diretor da instituição, hoje o desenvolvimento dessas pesquisas e a identificação e caracterização de uma nova geração de genes permitirão beneficiar tanto um como o outro. “Podemos citar o exemplo do mamoeiro resistente a viroses, onde um essa enfermidade levava ao prejuízo total e, muitas vezes, a necessidade de migração da cultura de uma região para outra. O uso da tecnologia transgênica, além de criar variedades resistentes a doenças e pragas, ainda reduz a aplicação de inseticidas nas culturas. Com isso, o custo de produção diminuiu assim como a aplicação de insumos sintéticos no meio ambiente”, exemplifica Figueira.
Para o diretor do Cena/USP, o aumento de pesquisas com transgênicos completa a essência natural do instituto. “Continuam ativas nossas pesquisas com energia nuclear focadas na agricultura e no ambiente. Ampliamos a área de atuação de olho na comunidade, fornecendo serviços importantes como o desenvolvimento de novas variedades de plantas e irradiação de alimentos com fins de conservação e modificação genética. Acreditamos que o Cena/USP está cumprindo seu papel”, finaliza o professor.