O papel das mulheres na cafeicultura tem sido fundamental em todo o mundo, desde o cultivo dos grãos passando pelo processamento e a comercialização do café. Para celebrar o Dia Internacional da Mulher (8 de março), o Café Morro Grande destaca o trabalho feminino no setor a fim de trazer reflexões, valorizar e incentivar ainda mais as mulheres no campo, na indústria e no comércio.
De acordo com último Censo Agropecuário realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e a Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) levantaram que mais de 40 mil estabelecimentos agrícolas brasileiros com produção de café são dirigidos por mulheres.
Considerando diferentes cenários no mundo, com produções mais familiares ou de grande escala, conforme dados da ICO (International Coffee Organization), entre 20% e 30% das fazendas de café são operadas por mulheres e até 70% do trabalho na produção de café é prestados por elas. Dependendo da região, como na Etiópia e Uganda, por exemplo, a colheita manual é predominante e têm grande participação feminina.
Não só nos países da África, mas em muitas outras regiões produtoras de café, as mulheres são responsáveis pela colheita dos grãos, sendo especialistas em selecionar cuidadosamente os frutos maduros e descartar os verdes ou danificados – uma etapa muito importante para a qualidade do café. As mulheres também participam da preparação e processamento dos grãos de café: limpeza, secagem e torrefação dos grãos, moagem e embalagem.
Outro papel importante é na comercialização, especialmente como gestoras de pequenas propriedades ou integrantes de cooperativas, elas têm trabalhado intensamente para superar as barreiras sociais e culturais que impedem a participação das mulheres na tomada de decisões e na gestão dos negócios.
De acordo com o livro “Mulheres dos Cafés no Brasil”, a mulher na cadeia do café no Brasil está dentro da faixa etária de 26 a 59 anos, sendo que a maior concentração se dá entre 26 e 35 anos. Essas mulheres, em sua maioria, são produtoras e proprietárias ou trabalhadoras nas áreas de ensino pesquisa e extensão, mercado e comércio de café.
Hoje, uma das áreas que facilitam a entrada da mulher na cadeia do café é o barismo. Já muito focado no segmento de cafés especiais, essa profissão oferece possibilidades de crescimento profissional dentro e fora do país, especialmente em polos gastronômicos.
Outra possibilidade é empreender na área abrindo um negócio gastronômico que envolva café. As mulheres já representam metade do empreendedorismo no Brasil em relação às Microempreendedoras Individuais (48% segundo Relatório Especial de Empreendedorismo Feminino no Brasil feito pelo Sebrae).
Tradição que atravessa gerações
A produção de café no Brasil é uma tradição familiar. Muitas produtoras atuais revelam que tiveram como herança mais do que a empresa dos pais, o amor pela cafeicultura. Não são raros os casos de mulheres que resolveram partir para uma nova perspectiva de vida. Em um país onde o café faz parte da cultura nacional, como é o caso do Brasil, essa não seria uma surpresa.
O Café Morro Grande é um exemplo de empresa que sempre teve muito presente a participação feminina. Fundada em 1930, são quase 100 anos de uma marca que começou pelas mãos de Dorival Cruz Lima e de sua irmã, Maria Cruz Lima.
As mulheres sempre tiveram representatividade no Café Morro Grande. Atualmente, são diversas as promotoras que oferecem degustação em eventos multitemáticos e pontos de venda. Elas também estão em cargos de liderança, como é o caso da diretora executiva da empresa, Leidiliz Lima Gatti, e da diretora de marketing, Lia Lima Gatti Höfling. Ambas dão continuidade ao legado e ao amor da família pelo café.
Ao longo de mais de 90 anos, o Café Morro Grande tem como compromisso o respeito às equipes, consumidores, supermercadistas, fornecedores e concorrentes. Sempre buscou unir gerações, ter um olhar humanizado e, ao mesmo tempo, oferecer um padrão de qualidade internacional. Uma fórmula que continua até os dias de hoje.
A partir da qualidade dos produtos e de uma gestão humanizada, com a participação feminina, neste Dia Internacional da Mulher, o Café Morro Grande espera continuar inspirando meninas, jovens e mulheres adultas a trabalharem nesta área, bem como desenvolverem seus próprios projetos e sonhos.
Panorama geral
Vale ressaltar que as mulheres no campo da cafeicultura ainda enfrentam algumas adversidades. Essa desigualdade é um reflexo do que acontece na agricultura brasileira de maneira geral.
Elas destacam-se no setor em premiações e na produção de cafés especiais. Dirigentes mulheres também contratam mais mulheres: uma média de 43%. Para revelar a presença feminina na cafeicultura e conquistar mais mulheres para a área, há 12 anos foi criada a IWCA Brasil (Aliança Internacional das Mulheres do Café Brasil) e há dois anos a Expocafé promove a Expocafé Mulheres, com a participação de pesquisadoras e produtoras do país.
A partir da visibilidade em eventos e em posições de liderança, bem como devido a organização das mulheres, cada vez mais estudos estão sendo elaborados sobre a presença feminina no setor do café. Isso permitirá políticas públicas e de gestão empresarial mais assertivas.
Você sabia?
Que a dona de casa alemã Amalie Auguste Melitta Bentz é a criadora do filtro de café de papel. Após a invenção, fundou uma empresa e tornou-se chefe do seu marido, em uma época na qual as mulheres não podiam nem votar. Registros históricos contam que não satisfeita com o coador de café feito de pano, Amalie Melitta Bentz resolveu fazer um teste. Ela perfurou o fundo de uma caneca de latão e dentro dele colocou um pedaço de papel para reter a borra do café. O experimento deu tão certo que a alemã e o marido resolveram comercializar o invento. Anos mais tarde, o filho do casal passou a administrar a empresa, uma das maiores da Alemanha. Localizada na cidade de Dresden, a pequena empresa tornou-se um grupo internacionalmente reconhecido, com mais de seis mil colaboradores e um extenso portfólio de produtos.
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