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A instabilidade e o desespero social

Tão logo dei o alerta a uma amiga, quando o Facebook e Instagram, canais de socialização da plataforma Meta, ficaram fora do ar por algumas horas. Se não fosse eu para abordá-la sobre a situação, evidentemente que ela já estava em desespero acreditando que suas contas foram hackeadas – todavia, ela tem motivos para isso.

 

Mas antes de contatá-la, consultei a repercussão no X (antigo Twitter) e muitos internautas ao redor do mundo já citavam a instabilidade, que ocorre com frequência, devido inúmeras atualizações para melhorar a comunidade global e virtual. Eram comentários e questionamentos se contas também foram hackeadas, prazo para a situação voltar a normalidade, quando poderiam retornar as dicussões sobre política, reality shows e compartilhamentos das melhores fotos para não perder o engajamento e por aí vai. Foram tantas perguntas em diferentes idiomas, para poucas respostas.

 

A partir disso tudo me questiono: é possível viver sem as redes sociais? Em tempos de hiperconectividade, a resposta é sim, “pero no mucho”, dependendo da faixa etária do público usuário das redes sociais. Aqueles que nasceram até 2010, ano da transição tecnológica e surgimento das modernas ferramentas de comunicação digital, e parcela da comunidade que ainda não possuía tanta conectividade são passíveis de compreenderem e conviverem com a falta das tecnologias de comunicação e possibilitar a adoção de outros meios de socialização e entretenimento (cito como exemplos a leitura de livros, televisão e diálogos presenciais com o próximo – este último tão raro hoje em dia).

 

Diferente das novas gerações – os quase adultos/adolescentes que já vieram ao mundo sendo fotografados e exibidos nas redes sociais. Eles crescem e amadurecem diante a uma conexão sem filtros (tanto para quantidades, quanto para qualidades) para suas exposições. Faço essa análise, pois nunca vi tantas postagens virais e sem conteúdos que não agregam para uma cultura e educação primorosa, além de que contagiam e inspiram outras pessoas para criações de conteúdos semelhantes.

 

Um caso prático relacionado à hiperconectividade foi de uma criadora de conteúdos digitais e ex-Big Brother Brasil que desistiu do game televisivo após um quadro psicótico agudo, como ela contou em entrevista. Para quem a acompanhava no reality show, percebeu comportamentos fora da realidade. Segundo especialistas, o transtorno psicótico agudo pode incluir delírios, alucinações e/ou dificuldades para pensamentos organizados. Como os participantes estão longe dos celulares, redes sociais e outras ferramentas de comunicação social, esta criadora de conteúdo, por exemplo, por muitas vezes conversava com os demais colegas de confinamento olhando para o espelho, vendo o seu reflexo, em referência para a visualização de sua imagem diante ao smartphone.

 

Ela, que em três redes sociais já ultrapassou 45 milhões de seguidores, passou a interpretar o mundo a sua volta de uma forma diferente, não acreditando nos fatos e situações que giravam em torno da sua realidade, criando um mundo de fantasias ou como ela gostaria que fosse.

 

Sobre esse caso e até mesmo com pessoas próximas e que vivem um desespero diante a instabilidade das redes sociais, trata-se de uma alienação tecnológica que precisa ser amplamente comentada, compartilhada e reagida.


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