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Arrependimento e culpa: nossas prisões “auto” impostas – Por Alessandra Cerri

O que muitas vezes nos impede de ser feliz ou que perturba o funcionamento de nossa mente e nos faz adoecer são as prisões que nos impomos constantemente e, na grande maioria das vezes, nem percebemos o nível de nosso aprisionamento e sofrimento.

Um dos maiores causadores desse sofrível cárcere interior é o nosso próprio apego. De acordo com Matthieu Ricard, o apego a qualquer coisa, pessoa ou evento complica nossa vida. O apego está inclusive entre as aflições mentais que distorcem nossa percepção da realidade. Mais que isso, ele comenta que não são os fenômenos que nos escravizam, mas sim nosso apego e fixação neles.

Dentro desse contexto, o arrependimento e a culpa são duas grandes maneiras de nos apegarmos e, consequentemente nos colocarmos como reféns do sofrimento e do passado. Isso é tão perigoso que Alexandre Jollien comenta que o arrependimento paralisa e nos imobiliza no passado nos impedindo de viver o presente e de vivenciar emoções positivas.

De uma certa forma, eles são importantes pois o não sentir arrependimento, ou culpa é característica dos psicopatas e dos egoístas e pode ser associado com falta de empatia e percepção do outro. Assim sendo, esses dois sentimentos são importantes para nosso aprimoramento desde que eles não nos paralisem e não sejam motivo de uma ruminação alienante que nos desgasta e nos leva ao desânimo e desespero.

Para que esses sentimentos sejam úteis e benéficos eles precisam nos possibilitar alguns questionamentos, reavaliação pessoal e resoluções para o acerto da direção a ser tomada. Para isso, Christophe Andre comenta que algumas perguntas precisam ser feitas: esse sentimento ou pensamento me leva a uma resolução aplicável e possível? Me leva a enxergar as coisas com mais clareza? Está me aliviando de alguma forma?

De acordo com Christophe, se as respostas a essas três perguntas forem não então estamos simplesmente ruminando e nos prejudicando. Nossa necessidade de controlar tudo dificulta nosso entendimento de uma das maiores leis da espiritualidade indiana: “aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido”, segundo essa lei tudo acontece exatamente do jeito que tem que ser e, de alguma maneira tinha que fazer parte de nossa caminhada.

Ou seja, embora pareça um pouco simplista ou comodista existem coisas e fatos que simplesmente vão além de nossa compreensão; o que pode estar em nosso controle são as ações depois do problema: se existe solução então saia da sua zona de conforto e tome as atitudes necessárias para que ela aconteça, caso não exista, então siga em frente ciente da lição que o problema te passou para que ele não mais se repita.

Precisamos aceitar que somos seres errantes, precisamos nos perdoar no sentindo de nos libertar entendendo que o passado e o erros são fontes de ensinamentos para ações futuras. No entanto, vale a pena ressaltar que pessoas mais conscientes são pessoas com melhor auto gerenciamento e menos emocionalmente vulneráveis, o que significa que pensam mais antes de agir diminuindo muito os erros cometidos por impulso, ou seja, aquelas muitas ações impensadas, que por tantas vezes pode nos aprisionar.

Finalizo com uma frase do admirável Jung “Não há despertar de consciência sem dor” ou seja, é justamente no sofrimento que podem estar nossos maiores aprendizados para o crescimento, depende do nós aceitarmos a lição e seguir em frente ou ficarmos escravos dela e imobilizados. Namastê e até a próxima!

Alessandra Cerri é sócia-diretora do Centro de Longevidade e Atualização de Piracicaba (Clap); mestre em Educação Física, pós-graduada em Neurociência e pós-graduada em Psicossomática.


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