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É preciso saber viver – Por Alessandra Cerri

Gosto muito de música, adoro ouvir e analisar as letras, entender o significado delas. Confesso que com as músicas atuais está um pouco difícil e decepcionante fazer essas coisas, então acabo ouvindo bastante músicas mais antigas. E esses dias me peguei cantando e encantando com a música “É preciso saber viver” dos Titãs… A letra é muito boa e podemos tirar muitas mensagens e ensinamentos para nossa atualidade.

A música começa com uma frase muito forte “quem espera que a vida seja feita de ilusão pode até ficar maluco ou morrer na solidão”… um alerta muito propicio para nossos dias atuais onde as pessoas estão vivendo a ilusão das vidas perfeitas apresentadas nas redes sociais, mais que isso, estão vivendo a maluquice de uma ansiedade desenfreada em busca da perfeição e padrões estabelecidos num mundo paralelo e irreal que adoece as pessoas, estando diretamente relacionado ao aumento assustador do número de pessoas com síndromes psiquiátricas como ansiedade, depressão, estresse e elevação no número de suicídios.

 

Dentro desse contexto, o neurologista Leandro Teles comenta que o adoecimento de nossa sociedade atual é consequência da nossa incapacidade de vivenciar o silêncio e o tédio; é fruto do fato de terceirizarmos boa parte de nossa cognição, confiando aos aparelhos portáteis boa parte de nosso tempo e nosso prazer, o que nos faz basear a vida em alicerces fracos e efêmeros. Aqui cabe ainda, o ensinamento do sábio Yurval Harari quando ele diz que “num mundo inundado de informações irrelevantes, clareza é poder”.                                                                                   

 

A vida envolve desafios, envolve enfrentamentos… segundo a música “toda pedra no caminho você pode retirar, numa flor que tem espinho você pode se arranhar”.  Os obstáculos ou problemas que podem ser trabalhados ou resolvidos dependem de tomadas de decisão, envolvem ação de nossa parte, retirar pedras exige força, estratégia mas sem removê-las não podemos seguir em frente.  Às vezes, podemos até decidir contorna-la ou construir algo em cima, mas ainda assim envolve consciência, raciocínio e movimento.

Em nossa caminhada podemos e iremos nos machucar, algumas situações ou pessoas irão nos fazer sofrer (assim como nós também podemos gerar sofrimento) mas precisamos reconhecer, compreender e ressignificar essas dores, aprender com elas e continuar seguindo em frente. Pensemos nas flores: não podemos deixar de admirar e ter arranjos lindos só porque podemos nos arranhar montando-os.

 

Dentro desse contexto, não por acaso a resiliência, é considerada hoje um dos pontos principais para a saúde e o bem viver. De acordo com Davidson e Begley pessoas com baixa resiliência tem dificuldade de se livrar de sentimentos negativos como raiva, mágoa e tristeza e acabam potencializando e ficando mais presas aos problemas; em contrapartida, pessoas com alta resiliência tem uma maior aceitação dos problemas e das dificuldades por isso, se restabelecem mais rápido beneficiando, inclusive, seus sistemas imunológicos.

 

Realmente é preciso saber viver, é preciso estar atento o tempo todo aos nossos instintos de seguir a “manada” e agir seguindo padrões estabelecidos simplesmente para atender a nossa necessidade de pertencimento. É preciso saber viver com consciência de nossas reais necessidades e, fortes para negar os pensamentos e sentimentos que nos aprisionam e nos machucam.

 

O “saber viver” exige aumentar as nossas atividades que exigem o uso da porção mais nobre e executiva do cérebro e, embora estejamos num mundo altamente tecnológico a maneira mais eficiente de se trabalhar a conscienciosidade é justamente diminuindo a nossa “dependência” da tecnologia e aumentando nossas práticas de silêncio e espiritualidade, praticando exercícios físicos e de criatividade, melhorando nossa prática da escuta e leitura….

 

Finalizo o texto de hoje com a frase de Elizabeth Blackburn:  “Conscienciosidade é o traço de personalidade mais consistente para se prever a longevidade”

 

Que saibamos viver, valorizando nosso real presente; que estejamos atentos às ilusões que podem nos enlouquecer e as pedras que podem bloquear o nosso caminhar.  Namastê e até a próxima!

 

* Alessandra Cerri é sócia-diretora do Centro de Longevidade e Atualização de Piracicaba (Clap); mestre em Educação Física, pós-graduada em Neurociência e pós-graduada em Psicossomática.

 


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